sábado, 18 de janeiro de 2014

Eu e tu

Duas essências opostas que se complementam



Existe uma certa agressividade na nossa cama?
Claro que sim.
Talvez fique difícil algumas pessoas acreditarem que, como casal, não consigamos afastar a agressividade do convívio diário. Mas podem acreditar que isso é possível, sim. A agressividade não vai para fora do sexo. Se nos sentimos bem, então está tudo bem. Pode parecer estranho para quem está fora mas se o casal vive em harmonia com essa agressividade, não existem problemas.
Mesmo que o sexo atinja níveis extremos o importante é ser sempre consensual e bom para ambas as partes.
É estranho e surreal duas pessoas se complementarem desta forma. Uma preenche as necessidades da outra e vice-versa. A essência de uma está em perfeita harmonia com a essência da outra.
Não falo aqui de dores insuportáveis, mas sim aquelas que fazem aumentar as sensações, que despertam sensações extremas e libertam emoções.

Tu não ficas indiferente à minha dor. Tens plena consciência que ela existe em mim e vives com intensidade esses momentos.
Não te interessa apenas infligir dor. Acima de tudo pretendes que eu a perceba e a sinta como dor.
Como Dominador procuras o meu prazer. Através dele sou controlada e dominada, conduzindo-me exactamente ao lugar que tu pretendes que eu vá.
O meu prazer não é o fim em si mesmo mas sim um meio pelo qual esse teu domínio vai sendo construído. Tu sabes exactamente quando, onde, como e porque, oferecer-me prazer para tornar-me mais dócil e mais submissa.
Enquanto para o teu sadismo eu apenas preciso disponibilizar o meu corpo e a matriz emocional para a dor, para te servir como Dominador eu apenas necessito dar os meus próprios passos seguindo o caminho para o qual me levas. 
A tua parte sádica quer que eu esteja ali e a tua parte Dominadora quer que eu ali.
Para saciar o teu prazer sádico eu apenas preciso ser quem sou. A tua fonte de prazer é a minha dor.
A tua fonte de prazer como Dominador é observar e supervisionar a minha caminhada solitária, mas não desamparada, na tua direcção, num processo em que a dor que porventura surja naquele caminho torne-se irrelevante quando comparada ao prazer por ti acenado.
Por outras palavras, não basta ser quem sou, mas que esteja disposta a tornar-me aquela que tu desejas para ti.
Sadismo e Dominação, dois modos diferentes de lidares com o meu prazer.

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