segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Amor e Dor

Por vezes assusto-me com o que descubro em mim...
Apesar de me reconhecer como masoquista não invalida a minha constante luta interna.
A  partir do momento em que me confrontaste com a dor não tenho tido mais paz...
O que me faz agora ir à procura dela?... Porque razão sinto um prazer enorme em te desobedecer sabendo que serei de imediato castigada? Por vezes um estalo não chega... nem o segundo... e o terceiro vem mais forte... e eu cedo... até à próxima vez...
Que impulso irresistível é este de me render e submeter? Porquê esta necessidade de sentir a tua força e o teu poder?
Quando tudo está bem à nossa volta... tudo em paz e harmonia... sinto-me sufocada, oprimida... triste sem alguma razão plausível... uma enorme necessidade de extravasar esta mescla de sensações e emoções negativas... como se estivesse a lutar contra mim mesma... como se duas mulheres existissem dentro de mim... uma lutando contra a outra...
Pela segunda vez te peço para me exorcizares... essa é a palavra certa... e se da primeira vez tinha dúvidas agora tenho a certeza... existe em mim o meu outro "eu" precisando se libertar... um "eu" insano e animalesco que precisa emergir para a liberdade dos grilhões da masmorra onde sobrevive encarcerado...
Desconhecia a sua existência... tenho receio desse "eu" porque não o compreendo... ainda... mas admiro a sua força e beleza...
É como se uma parte enterrada da minha personalidade gritasse para ser descoberta... e eu continuei pela vida fora sem ouvir esses gritos... foi preciso te encontrar... só a tua sensibilidade conseguiu ouvir e decifrar esses gritos... e pelas tuas mãos esse "eu" conheceu a liberdade e essa libertação veio em forma de dor... uma dor sublime... Sempre que o libertas ele surge sedento por sensações adversas e intensas... emocionalmente fora de si e  instigado pelo teu chicote ele corre sem destino por lugares desconhecidos e a minha alma sentada no seu dorso viaja extasiada e livre... sentindo um prazer incrivelmente inexplicável... Existe poesia na dor e a minha alma é poesia em movimento...
A sensibilidade que existe no teu sadismo reconheceu o masoquismo adormecido em mim... e quando me infliges dor libertas a minha alma de masoquista para que eu seja, finalmente, livre de facto... livre de vergonhas e pudores, livre das minhas culpas...
Eu preciso desse sofrimento. Preciso encará-lo sem receio porque nele encontro a minha libertação.
Fazes-me sofrer porque me amas... sabes onde ir buscar a minha dor e o meu prazer... e a cada dia que passa sou mais eu... livre... mais completa e mais feliz...
Este nosso amor é profundo e é  vivido de uma forma intensa e plena... e amor rima perfeitamente com dor... E ambos sabemos como usufruir  da relação entre estas duas palavras...


1 comentário:

DOMINOUS disse...

- Mais uma confiçao, uma desmistificação... Um passo em frente na nossa empreitada..Eu como escultor em busca da obra-prima e tu, como obra prima...Cada vez mais,dogmas e tabus sao ultrapassados e ultrapassaveis...Talvez a tua entrega ainda possa vir a ser , total, o teu abandono de ti propria,pleno, mas mesmo que nao se atinja esse nirvana, a conquista constante,minha como Dominador/Sadico e a tua como submissa/masoquista,e excitante,empolgante, prazerosa...E assim quero que continuemos.

Amo-te